“Amor
da minha vida”
Por Mário Pires (*)
Por Mário Pires (*)
Essa
é a tradução de uma das canções mais lindas e históricas no mundo: “Love of my
life” – do Queen, escrita por Freddie Mercury e que retrata o sentimento mais
puro e verdadeiro que pode existir entre duas pessoas. Revela também, em todo o
contexto, a dor que Mercury sentiu ao ver sua amada, Mary Austin, deixa-lo
quando ele assumiu a bissexualidade.
A
história dessa canção é relatada, com muita emoção, no filme documentário “Bohemian Rhapsody”, que conta parte da vida de Freddie Mercury. Focando no nascimento
e trajetória da Queen, a história de amor com Mary, a vida regada a sexo, bebidas,
drogas e o fim lamentável após contrair a AIDS.
O longa, em cartaz nos cinemas, descreve as muitas escolhas
feitas por Freddie Mercury, que morreu aos 45 anos de idade, nos deixando
órfãos de tantas outras belas canções que poderiam ser escritas por ele. Mas
não quero me ater a isso. Quero falar de amor.
Mesmo com a separação do casal, o amor de Freddie e Mary não
acabou. Eles se tornaram muito amigos, estiveram juntos em muitos momentos de
glória da Queen, pois, pesquisando além do filme, descobri que Freddie concedeu
a Austin um cargo administrativo na banda, e muito bem remunerado, para que ela
permanecesse perto dele. Tanto que, apesar de sua vida mais homossexual, Mercury
nunca deixou de externar o amor por Mary.
“Love
of my life” é cantada até hoje e muitos não sabem a história e o valor
sentimental desta canção. No trecho “Love of my life, can't you see? Bring it back, bring it
back. Don't take it away from me. Because you don't know What it means to me”,
que traduzindo diz: “Amor da minha vida, você não vê? Traga de volta, traga de
volta. Não tire isso de mim, porque você não sabe o que isso significa para mim”, Freddie se despe de todo orgulho ao implorar por
seu grande amor. Mas Austin nunca deixa de amá-lo e permanece por perto até o
fim da vida de Mercury.
Mary foi a primeira pessoa a saber que Freddie
estava infectado com AIDS. E, antes de morrer, em 24 de novembro de 1991, em
reconhecimento ao grande amor de sua vida, Freddie deixou para Mary metade dos seus
bens, os direitos autorais de suas canções e uma mansão com 28 quartos que ele
morava em Londres, e que Mary, hoje com 67 anos, ainda mora. Amor é gratidão.
Freddie teve muitas aventuras e outros relacionamentos
duradouros. Por alguns anos e até o fim de sua vida, foi casado com Jim
Hutton. Mary também casou-se, teve dois filhos, separou e casou
novamente. Mas nunca deixou de ser o grande amor da vida de Mercury. Seu
respeito e devoção por Mary Austin foi além dos seus bens materiais. Segundo
relatos, atendendo ao pedido de Freddie, Mary talvez seja a única pessoa, no
mundo, a saber onde estão as cinzas do seu corpo. Entretanto, há uma placa,
escrita em francês, num cemitério em Londres, que faz menção a Farrokh Bulsara,
nome de batismo de Freddie Mercury, diz: “Para
estar sempre perto de você. Com todo meu amor. M.” – Acredita-se ser “Mary”,
que também o amou além da vida.
O artista performático que chamava a atenção em suas letras,
roupas e na forma de se expressar desejou também, após seu último suspiro, estar
sob os cuidados de quem ele mais amou. Na tradução da parte “When I grow older, I will be there at your side. To remind you
how, I still love you.” Freddie diz: “Quando eu envelhecer eu estarei ao seu lado para lembrá-la como
eu ainda te amo”. Imaginou estar ao lado de Mary, quando seus cabelos brancos
surgissem. Se hoje estivesse vivo, Freddie Mercury teria 72 anos.
Por fim, ao completar 27 anos de sua partida, quero contemplar mais
vezes esta bela canção e compartilhar o amor e a poesia que Freddie Mercury nos
presenteou. E, se pudesse mandar um recado para ele, faria uso dessa mesma letra,
dizendo: “Back, hurry back! Please, bring it back..” - Volte, volte
logo! Por favor traga de volta..”, pois, estamos carentes de amor e poesia.
* Cronista, poeta, cantor compositor e gestor de marketing.
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