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E se mudassem o,TRADICIONAL,
Circuito Osmar?
Encontro de Trios no Circuito Osmar |
Por Mário Pires (*)
Tradição é uma coisa que a
própria palavra diz: ritos e costumes propagados de geração para geração. E o
Circuito Osmar, trajeto do Carnaval de Salvador, que sai do Campo Grande e vai
até a Praça Castro Alves, onde acontece o histórico encontro de trios, é uma
das coisas mais tradicionais na Bahia.
Milhões de pessoas já passaram
por este circuito, que desde 1950, quando Osmar Macedo e Dodô Nascimento
subiram num calhambeque adaptado, batizaram com o nome de Fobica e saíram pelas
ruas de Salvador, transformando e criando a tradição do circuito, hoje
conhecido como Circuito Osmar.
Inúmeros baianos possuem lindas
histórias para contar na participação desse trajeto de carnaval: amizades
iniciadas, alegrias transbordadas, beijos trocados, relacionamentos começados e
casamentos realizados. Muitos relatos escreveram a história de quando tudo
começou naquele dia, naquele lugar, naquele carnaval. E essas histórias seguem
de geração para geração.
Mas, e se mudassem o Circuito
Osmar? Se tirassem do Campo Grande e levassem para outro lugar, ainda teria as
mesmas vibrações? Quantas emoções seriam excluídas, quantas sensações positivas
seriam abaladas? Mexer em tradições é mexer no coração das pessoas. Na história
e no sentimento de vida delas.
Perdoem-me aos apaixonados, e
defensores “sem causa”, mas Juazeiro é uma cidade “danada” a destruir suas
tradições. E mudar o Circuito do Carnaval atual é mexer na tradição de um povo
que, de tanto sofrimento, ainda busca a felicidade em alguns dias de folia.
Há pouco tempo, vi numa
reportagem, a face triste e a lamentação pertinente de uma jovem senhora, que
comentava sobre a destruição e depredação das casas e casarios históricos do
município. Mas esta senhora tem a verdade na fala e a infelicidade nos olhos
quando comenta tais agressividades. Ôh Juazeiro! Não têm dó de ti.
Aqui, cada um quer fazer algo
“diferente”. Uns fazem melhor, outros fazem pior, outros não fazem nada. É
tanta mudança, que ‘tu’, Juazeiro, estás toda retalhada. Talvez, muito mais
ferida que os cortes nas costas, provocadas pela TRADIÇÃO, do autoflagelo dos
Penitentes.
Eu, particularmente, ainda sou do
tempo dos carnavais de clube, quando a Banda Mirage, Banda Ouro, entre outras,
faziam a maior festa e levavam a alegria à comunidade juazeirense. É claro, que
ainda tinham as escolas de samba – mais uma TRADIÇÂO abandonada - que
desfilavam pela Adolfo Viana, indo pela Rua da 28 e seguindo pela Rua da Apolo,
encerrando o percurso logo mais a frente. Alguns leitores serão capazes de
comentar melhor sobre esses desfiles. Eu, ainda adolescente, apenas participava
com os amigos nas festas do “leiloado” Country Club.
Quando se mexe em TRADIÇÂO, tem
de ser para fazer algo melhor. Falta de recursos? Pode até ser. Carnaval aqui
não é prioridade.
Um exemplo de quando se mexe em
Tradição, foi derrubada da Tradicionalíssima Fonte Nova, para construir uma
Arena com uma estrutura muito melhor.
E o novo percurso? Vai
possibilitar aos foliões de curtirem com maior conforto os dias de momo? Ou
somente é para reduzir custos? E o palco da 28? E a “turma” do “Tô na Esquina”
para onde vai, se não haverá mais esquinas?
O Carnaval que era do povo, se
transformou em business. Quem tinha o dever de promover a festa, investiu no
sucesso de um novo quadriênio. E agora, com todo direito, quem faz o negócio,
quer lucros.
“Dodô do céu mandou recado,
notícias boas e lembranças, disse que tá do nosso lado... contou até como é que
foi que Deus, abençoou o carnaval” (Moraes Moreira)
Preparem, ou não, os esparadrapos.
Mais um retalho pode surgir nas TRADIÇÕES dessa terra amada por uns, usufruída
por outros.
“Bom” Carnaval em 2013.
* Mário Pires - filho, de
coração, de Juazeiro.
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