segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Lágrimas infantis por uma violência adulta

Prezados amigos e visitantes, desejo de todo coração que todos estejam bem.

Estive um tanto sumido do meu blog, mas agora estou de volta com força total. Muias coisas aconteceram, muitos ventos sopraram e muitas folhas irão florescer. Temos tempos de atração e tempos de reflexão, tempos sem tempo, mas tempo a todo tempo.

Enfim, volto um tanto atualizado, com o texto de uma sociedade perdida, de um mundo um tanto dramático, mas que fazem parte da vida.

Abraços.




Eloá e Nayara

Lágrimas infantis por uma violência adulta

Por Mário Pires (*)

- Que é que essa menina tá chorando? Perguntei a minha esposa ao chegar em casa e ver minha filha, Fernanda - 09 anos chorando no seu quarto com a TV ligada.
Suas lágrimas corriam no rosto choroso a meio silêncio. Sua fisionomia de tristeza, lamentação e dúvidas estavam nítidas.

Não tive uma resposta imediata, porque outros assuntos adentram antes de descobrir o motivo das lágrimas que Fernanda ora derramava.

Enquanto comentava por algo que me deixara aborrecido, um tanto ríspido novamente perguntei: porque motivo essa menina está chorando?

Nesse momento eu já havia transformado os traços da minha face em dúvidas também. Internamente questionava-me o porquê das lágrimas? Do choro quase silencioso? Da tristeza daquela face infantil lamentando por algo que ainda não sabia e buscava respostas imediatas.
Sem demora, após o segundo questionamento do choro, veio a reposta acompanhada de uma pergunta: - A menina papai! Levou um tiro na cabeça e está em coma irreversível. Por que papai? Por que Deus? Clamava Fernanda por respostas que eu naquele momento não sabia dar-lhe. Contudo, "caiu a ficha": - Ela deve ter assistido ao jornal e viu o caso de Eloá. Deduzi imediatamente.

A mãe conduzia as sobrancelhas à cima como se dissesse: "já sabe agora o porquê?".

Um tanto mais frio e acostumado com essa violência diária em nossas vidas, comentei: - Precisa chorar? Isso acontece Fernanda, mas não precisa chorar desse jeito. Enfim, tentei trazê-la à realidade urbana de todo dia. Mas não consegui porque não é algo novo que surge, e por algum tempo ela ainda chorou.

Passados alguns minutos fui até ao meu interno senso de consciência e perguntei-me: Precisava chorar? Precisava?

Lamentavelmente a minha resposta foi que sim. Era a defesa de Fernanda contra o sentimento de medo dessa violência que ora cresce, que ora nos domina, que ora nos desmancha.
Um tanto preocupado com o sentimento que via em minha filha, de apenas 9 anos, tendo de encarar um "mundo cruel", com realidades brutas e sem fundamentos. Situações irreversíveis que nenhum de nós queríamos e queremos que aconteça conosco.
- É. Analisei com meus botões. Esse foi o primeiro embasamento para a resposta quer dei a Fernanda sem pensar. Não era comigo, por isso achei que não precisava chorar.
Bem, mas, até aí eu ainda pude responder. Porém, e Deus? Qual a resposta que ela, Fernanda, poderá ter de Deus?

Infelizmente é comum assistir aos telejornais e ver somente violência espremida em cada espaço jornalístico. Nos jornais impressos, tem dia que, com diz o velho ditado popular, "se você espremer sai sangue" de tanta notícia ruim.

Queria poder ter uma resposta contundente pelas lágrimas derramadas naquele semblante infantil, aterrorizada e atemorizada por essa violência constante.

Tudo bem, tudo bem meu Pai do céu! Infelizmente a gente acostuma com essas coisas, e sei que isso é a falta de Ti no coração dos homens e mulheres deste planeta. Afinal, não é o primeiro caso de crime passional que nos vem à tona. É mais um exemplo claro de uma paixão doentia. Isso definitivamente não pode ser amor.

Mas voltando ao assunto.
Ficou tarde. Era noite e Fernanda acabou distraindo-se com a novela e dormiu. E eu, ainda diluindo as lágrimas de uma criança pela "desconhecida" Eloá, que se vai à flor da idade, ainda debutante, vítima de um inconformado ser, exigindo um amor que ela não poderia mais lhe oferecer, faço das palavras infantis às minhas: Por quê? Porquê?

***
Texto escrito no último sábado (18/10/2008) e publicado no jornal Diário da Região.
***
Mário Pires é Profissional de Comunicação & Marketing.

13 comentários:

Anônimo disse...

Perfeito!!Vc vai sair da Faculdade e entrar de "cara" na academia de letras...Saiba que vc escreveu um texto Memórias- é um gênero textual.

Anônimo disse...

Que legal, vc realmente tem talento, parabéns!

Anônimo disse...

Legal , fico feliz. Muita luz, sabedoria!!

Unknown disse...

Parabéns pelo seu texto...retrata com precisão e muito talento a violencia que devia ser exceção ao nosso dia-a-dia! e, Infelismente,tornou-se pratica abusiva ao bem estar Brasileiro.Sucesso e luz!

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, onde vc relata o desamor e a falta de Jesus no coração do povo, e eu que como vc tenho filho de 09 anos também fico sem resposta pra ele, do porque de tanta violência. Muito lindo e tocante o texto, vc está se superando a cada dia, procure publicá-los em outros órgãos de imprensa também, vale a pena ser mostrado para o mundo.
Sorte, sucesso e principalmente muita paz.

Anônimo disse...

Parabéns pelo texto, onde vc relata o desamor e a falta de Jesus no coração do povo, e eu que como vc tenho filho de 09 anos também fico sem resposta pra ele, do porque de tanta violência. Muito lindo e tocante o texto, vc está se superando a cada dia, procure publicá-los em outros órgãos de imprensa também, vale a pena ser mostrado para o mundo.
Sorte, sucesso e principalmente muita paz.

Anônimo disse...

Parabéns seu texto esta bem redigido e claro, retrata de uma situaçao que além de deixar, não só, sua filha mas um país inteiro. Assombrado com um crime fútil e passional.
Você esta no caminho certo e alterminar de ler seu texto vi que nos temos algo em comum por ironia do destino eu também fiquei pra traz devido as conseqüências da vida, mas, nós somos brasileiros e não desistimos nunca. Fica com Deus e vai na Fé.

Anônimo disse...

Valeu meu brother. Parabéns pelo texto. Ele retrata a sensibilidade de algumas pessoas. Sua filha, apesar da pouca idade, demonstra uma sensibilidade muito grande com relação ao ser humano. Que Deus a conserve assim.

Anônimo disse...

lindo texto...me deixou com os olhos cheios de lagrimas...pois minha filha tbm se comoveu com tamanha fatalidade.
sucesso...
bjos.

Amaralina Passos.

Anônimo disse...

Mário, meu amigo querido...
Eu agradeço a Deus sempre, por coisas boas e até mesmo as ruins, pois de tudo nos vem uma lição de vida.
Muito bom o que vc escreve, continue prosseguindo em suas metas; as fases vão surgindo em nossas vidas, mas vão nos fazendo crescer...e eu acredito em seu Potencial, sua Persistencia e Força de Vontade! Creia e verás!!
A história de sua filha me comoveu, isso prova que ela ñ está alheia ao mundo que vivemos, mesmo que cruel. Que Deus dê força ao coraçãozinho dela, para que possa seguir em frente...com Fé e Otimismo e principalmente tendo a Orientação e o Amor de vcs, que a tudo supera encarando de frente e na Esperança de um mundo melhor.
Paz e muita Luz em sua Vida...e Família.
Bjo em seu coração e das suas princesas.

Anônimo disse...

Parabéns por toda sua sensibilidade e criatividade, seu texto está muito bom!
Tenha uma quarta-feira de paz.
Beijos

Anônimo disse...

Valeu meu brother. Parabéns pelo texto. Ele retrata a sensibilidade de algumas pessoas. Sua filha, apesar da pouca idade, demonstra uma sensibilidade muito grande com relação ao ser humano. Que Deus a conserve assim

Anônimo disse...

Que bom q vc voltou a escrever estava sentindo muita falta dos seus escritos e de vc tb claro,rss!!bjs